sábado, 18 de abril de 2009

A doze of shards on a yard of roses


Come and rescue me from in the water deep

Careful now! - don’t lose your aim:
the road ahead is clear
- again I haven't found it yet...
(...)
If everybody knows just who you are
When your walk on role becomes a major part
Have you ever attempted to be yourself?
When everybody wants you to be someone else...
(...)
You probably see the things you tried to free
Bigger than you but less than me
Have you ever attempted to be yourself?
When everybody wants you to be someone else
Up and down and back again
Going up and down and back again...

[Up & Down & Back Again, by Powderfinger]


Você me deixou, uma vez mais, tão rápido que mal pude sentir o teu calor, ou o cheiro saturado da tua pele nas roupas surradas... Tuas palavras escorregam entre nós, se esgarçam e rompem em mil pedaços que flutuam e dançam em minha mente, sem significado que possa extrair... Me desamparam... Mas eu insisto em permanecer de pé, insisto em estar com todos meus músculos a postos para lutar por eles - por ti... por ela... por Uriel... Isso é ignorância minha?

... As pessoas nos olhavam como me olhavam antes...

Meu garoto quase morto respira e aspiro dele um ar irretratável de otimismo... Ele brilha...

Observo a minha vida com uma curiosidade doentia, enquanto seus rumos me parecem misteriosos, intrincados e sarcásticos... As vezes me escuto falar, ou me vejo fazer coisas, para somente depois me dar conta que o sujeito ali... era eu...

Quando foi que perdi a objetividade tão crua e fácil das minhas decisões, quando deixei de me sentir onipotente em relação ao meu destino, e ao destino daqueles que me cercavam?... Eu sei a resposta, não é mesmo? Talvez a pergunta é que seja outra...

Pela janela eu leio um Mundo tornado estranho em tantos matizes novos. Complexo em tantas implicações morais, políticas... ou simplesmente... em tantos desentendimentos... o peso marcante das perdas que jamais havia conhecido... Esperei ver algo que me levasse a outra surpresa, que me arremessasse, talvez, no conhecido jogo de lâminas, como há poucas horas, quando enterrei
Fenris Fang no coração do Guardião...

Quando eles estão em perigo... Sei que devo protegê-los... Mas quando o perigo não são projéteis, ou raios, ou espadas?... O que faço?... Eu... estaco... sem fórmulas e estratégias... e tudo foge... palavras... nexos... possibilidades... Olham para mim e sabem que sou um vaso vazio... Um cão que só conhece um único comando...

O Mundo todo espera para ser salvo, Drako merece ser salvo, meu filho merece ser salvo, e Kuroi foi colocado nesta lista também - mas, O Cetra e o Lobo me fazem crer naquilo que eu mais temi: não será pelas minhas armas que isso será possível...

Que papel terei então?... Serei o espectador... talvez, um animalzinho de luxo, levado ao passeio... os olhos tontos testemunhando sem compreender ao certo o que os donos fazem...

Eu penso de novo e de novo: - que dom preciso ter para ser útil? Como adquiri-lo? Será que me cabe tentar? Será que posso ter essa arrogância?

Meus passos se calam no asfalto enquanto volto para um lar que não é meu, para uma mulher que não é minha, mas me espera... Onde estão todos aqueles parecidos comigo?... O que fazem?... O que são agora que todas as guerras são contra o Fim do Mundo?...

Talvez eu jamais devesse me perguntar todas essas coisas... Talvez a dúvida seja mesmo, como diziam no Treino, o cheiro do fraco, o point-blanc em nosso peito que atrai a queda e a derrota... Mas foi através dela que eu rompi com a Shinra... E que me permiti ouvir o Santo... E depois... ele... E ela...

Gostaria de que aqueles cabelos dourados estivessem a minha espreita... Poderia ajoelhar-me junto ao seu colo... E deixar um silêncio me invadir... E ela, ela me daria redenção... Quem sabe pudesse me explicar... Quem sabe pudesse pôr para dormir essa coisa fria e férrea que tem se inosado aqui por dentro, e espremido meus pulmões, e roubado o fôlego de tudo o que jamais quis dizer...

Sonhos... A realidade não me foi dada assim... E quando luto contra ela... É somente para receber de volta a humilhação de que não é mais meu direito impor vontades...

Quando abro a porta e avisto curvas e a maciez de frases femininas, não encontro ela. É outra que está ao meu alcance. É outra que não é para mim. Escuto-a com sede, e bebo em goles pequenos, por medo de avançar ao jarro... Sou embalado pelo som ritmado e fogoso do sangue em suas artérias, quando me enlaça... Perfume de pimenta... Todas suas belas utopias me acariciam - mas eu luto contra a sedução de sua esperança, em verdes de talos partidos de capim e erva-doce... É fácil deixar-me capturar em seu jogo... Seria ainda mais fácil tentar tomá-la para mim, como se fazendo isso eu corrigisse todo o desvio da minha vida. Como se a felicidade fôsse algo tangível, morno e capturável... Como se presenças fossem juras eternas... E gestos fossem garantias... Beijos fossem futuros já brilhantes... Abraços fossem o tal amor, incorruptível, insubstituível e tão forte quanto a Criação...

Interponho eles no caminho entre nós... Já muitos em meu peito e poucos ao meu redor para que aceite abrir esta porta, outra vez... Teus cabelos de fogo atraem esse olhar tolhido - tu também tens a ele, nem que eu me permitisse... Tua resolução me cala tantas perguntas... É tão grande a tua certeza e tão simples teu plano que escondo o tanto de negro no mais profundo dos meus alçapões... Não... você também tem a qualidade de limpidez a qual não ouso turvar - nunca te darei a me ouvir...

E enquanto penso no que me propões... Divago sobre quem gostaria de me tornar... Descubro que, subterraneamente, continuo rezando por uma brecha, e então, usando uma finta e o pulso capaz - que jamais erra - finalmente apunhalaria essa maldita sina, esse tropeço na História... E poderia servir o Mundo numa bandeja para eles...

Meu olho arde e o fecho. Deus... me salve do que sou... me ajude a ser mais... como um homem... mas a desejar... menos... como um cão...

domingo, 8 de março de 2009

Homeless and less of none



Por favor, disperse um pouco minha mente...

Com palavras inventadas, cânticos que me soam como encantamentos... simplesmente... rapte meus pensamentos pelo tempo que for possível... preciso que eles párem... um só instante... que me deixem livre... quero respirar... quero centrar-me nos objetivos com clareza...

Enterramos aquele que brotou do Mundo e quase atingia os céus... Pirilampos de verde pulsante soprados de sua carcaça evanescente... Veredas que tomamos... Uma brecha... Eu o aniquilei... Esses músculos superaram sua força simplesmente para que deixasses de existir...

Para que os deixasse em Paz...

Não os magoasse mais...

Porque meu peito arfa quando tudo parece perder a cor e cheiro os sonhos deles apodrecendo... Quando as palavras são capazes de me derrubar mais certeiras que as toneladas do teu metal sombrio, Guardião... Quando meus atos passam longe de serem entendidos e eu recebo cada vez menos quando volto ao lar... O lar... essa coisa... está se esfarelando...

E o rumo parece ser partir...

Só a batalha tem me chamado... Honestamente... Só ela, é pura e clara para mim... E só nela não há nada que eu faça que pareça dúbio...

Todo dia tento convencer-me do contrário...

Todo o dia alguém me joga de volta o quanto de nada eu valho entre eles, sem ser essa arma...

Então... Tudo isso são ilusões para uma montagem de DNA e carne?...

Ouvi questões... Mutilar o Planeta e salvá-lo... andamos para isso?...

E se tudo que penso proteger, eu esteja também, matando?...

Nesse momento, antes de tocar na porta... Eu páro. Reflito.

Queria salvá-los... Queria construir algo - me salvar também...

Sinto nas dobras dos meus artelhos, o escarlate de todos os sangues, o negro e o metálico de tantas armas. Um rastro suave, quase esquecido, de textura de fios macios em dois tons de dourado... Uma sensação tão delicada da maciez da pele quente em contraste com o peso de ossos quebrando e carne segurando-se contra lâminas...

Deixo na terra as garras em punhais de mim, estirpadas em vermelho... Olho dedos em branco sujo - e o que penso?... Penso que não há como cortar meu passado... Não há como tornar-me um deles... E o que sou, seria suficiente? Ou ainda sou tão perigoso quanto antes?

Essa mente afiada, criada entre monstros, como eu, para intimidar, desmotivar e enganar, pode gerar as palavras que essas pessoas precisam?... Estive tanto tempo mais entre os cadáveres que plantei...

Olho a maçaneta e hesito...

Imagens de um titã que levantou-se pelos pecados dessa gente, inocente... o messias do Planeta... varrido pelos que se disseram... salvadores do Mundo...

Meus lábios tremem e não tenho palavras... Então, num sussurro... escapa...

... "não quero errar..."

... Voltei para encontrar meu lar
e pelo meu lar erguer essa mão
mas nunca mais cheguei àquele espaço
e outras portas que pensei levarem a ele
eram labirintos... e me perdi
escutei suas vozes e quis gritar:
- dessa vez, alguém me ache!
e dos corredores e ruas
palavras como placas contraditórias
me fazem girar e girar no mesmo relento
- eu voltei... hey, eu voltei!
mas o endereço
onde pertenço
que houve que já não mais encontro?


Now playing: 12 Stones - Home
via FoxyTunes

sábado, 28 de fevereiro de 2009

So so dark... and waiting for the sun...

Evitei-o deliberadamente...

Tentei ocupar-me. Cada vez que o Sol ameaça clarear - eu já estou lá, trabalhando. Cada vez que se vai... sou o último a me despedir... e minha vida fica rala... e meu sangue corre lento e viscoso...

As pessoas que precisam de mim... As vejo irem aos seus refúgios... E penso... Talvez não precisem tanto de mim... Não aqui... O que eu realmente faço sempre bem... Talvez devesse deixar esses muros e proteger os que ainda estão perdidos nesse caos...

Minha família se despedaça cada final de tarde... Boneco de pano partido...

Janto cercado de sonhos infantis. E de frente para o Santo... Ele sempre tem palavras luminosas para mim ao final de cada dia... teria ele a sabedoria para me fazer acertar?...

Não dormi nos últimos dias...

Tenho furtivamente acompanhado Drako - sei que ele volta para aquele apartamento vazio... R
evejo minha escolha... me dói... Mas creio que tenha sido a mais certa - libertá-lo. Gostaria que ele não se amarrasse em mim como quem toma um dever e afunda com ele... E é isso que me parece. Espero um pouco, ao longe... E depois me vou... Quero dar a ele um espaço para respirar...

Vadio pelas ruas, em vigília... Pelos telhados e becos... Entre as ruínas... Nos esgotos...

Duas vezes visitei meu filho... Mas tenho tanto a perguntar... Calo... Pois ele sempre tem ainda mais a dizer... E gosto dele... Gosto de tanta energia... Vejo que ele se orgulha... Ainda ficaria altivo se soubesse que ando me escorando por dentro, perdido, sentindo as paredes caindo sobre mim?

Uma vez eu escutei os passos dela, num prédio da ShinRa... Não quiz cruzar seu caminho... Mas me mantenho informado sobre os progressos de Asgard...

E fora isso... Reviro-me sobre o colchão com o cheiro pesado e ardido de tantos corpos e histórias... Meu olho só fecha uns poucos minutos... Quando não suporto olhar o céu pela clarabóia...

Não tenho paz...

A felicidade que acumulo nas horas claras... se esvai rápido...

As vezes não sei quem sou...

Cuido as ruas devoradas por esse horizonte tão curto... Meu peito bate forte e rápido. Como um tambor anunciando a batalha. Exigindo que eu vá...

E ele quer que o irmão viva... E acho que ela também...

Minha mente não se cala, quando estou só... E nesta madrugada Ace me contou sobre a nova crise... o Geostigma... Isso me motiva a ir atrás de respostas. Uma pista. Por uma chance, fui capaz de tolerar o humano e suas manias. Até mesmo tentar compreendê-lo. Por uma chance, eu rompo minha estratégia e finalmente o chamo em sua porta - eu quero oferecer-lhe a esperança...

Nada, no entanto, me prepara para suportar seu olhar opaco... - Onde está o céu luminoso que sempre me sorri de volta?...

Eu te abandonei... - é isso? - Vergonha.

Mas tu estás com o garoto Cetra... - Um gole de ira e ciúme.

Fecho-me para não ser mais mutilado. Fecho-me para segurar-me. Fecho-me para que tu continues ao lado dele, e não ao meu...

E rezo... Em silêncio... Para que suas mãos se juntem. Para que o que se cria entre vocês, perdure... Apesar de mim...

Nada é bem-vindo...

Acabo sentindo a velha sensação do fracasso tingir-me de preto... Estraguei tudo - e por nada... Outra vez... Como vocês poderiam me perdoar por isso?... Como eu?...

Meus ombros se encolhem e meu coração espasma menor... lendo em cada gesto seu o quanto me desaprova... o quanto gostaria de não me ver aqui...

Será assim?...

Eu quis... Agora... Se perdê-lo por inteiro... A culpa será toda minha... Só espero vê-lo forte... Isso me bastaria para me erguer...

Vê-lo vivo.

Isso me bastaria para viver.

Vê-lo amar.

Isso... ... ... seria... ... ... uma jóia...

E depois de tudo... Quando outra missão chega ao fim... Uma voz amiga me surpreende... Fios vermelhos ao vento sob a luz que pisca como uma estrela moribunda... Uma maciez entre esses braços sempre vazios... O perfume doce que canta ao meu peito.

Poderia me ajoelhar aos seus pés e pedir por socorro...

Não saberia como.

Então... Levo-a ao meu covil... Mantendo-a a salvo... E espero... espero de novo...

... o Sol...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Serpent's skin circle cycles syndrome


Surpresas...

Já chutou uma lata que pensava vazia, só para brincar... e foi atropelado por ratos famintos?

Redemoinhos... Quando eu estabeleço um alvo - que não sangre e morra - minhas flechas jamais acertam... Há um padrão: algo as desvia e eu erro feio...

Mas também não consigo adivinhar... onde elas irão parar... Este padrão... talvez não exista.

Pensei em ser conivente com minhas necessidades secundárias... Pensei que isso os faria também felizes...

Amber, primeiro. Tudo se repetiu. Carrossel falho, que me desespera numa tortura da qual não tenho como me esquivar - lentamente, percebo que nós estamos e vamos e completamos o mesmo círculo. Voltamos a romper. Voltamos às mesmas palavra dela, que me rasgam. À mesma indiferença em sua postura - e eu desidrato - buquê carmin atirado ao pó e ao Sol...

Rastejo para longe dela... Desço todos meus próprios degraus... Torto de humilhação. Culpado. Arestas negras e pálidas em azul de luto... Encolhido. Tudo fodido - tão incontrolavelmente desperdiçado.

Lanço-me a ele, pois ele pediu minha presença - e eu, bem não queria interrompê-lo... Esperei que estivesse ocupado. Pétalas em seda, entre os dois, como no telhado da Igreja... Palavras doces e silêncios úmidos de bocas que se doam, braços que vencem o medo e procuram abrir-se, unir-se... Fui, ainda assim, pois ele deixara a mensagem...

E ele está só. A dor e a felicidade, ambas, rareiam juntas... Como posso... estar aliviado e triste?... O fel preparado noite adentro, que escalava minha língua... torvelinha e explode em morangos súbitos - e tudo está errado... Ele me olha pela moldura desconjuntada da porta. Ele brilha em minha direção. Me mergulha no mais doce de seu rosto - sem avisar... Tento recuar, tento protegê-lo de uma recaída minha... - Seja feliz, por favor! Eu ficarei bem, não tente me consolar, não olhe prá trás! - Mas ele já deu esse passo... Merda, ele deu... e eu... eu sei que vou segui-lo! Imergimos devagar nessa calda densa... quente... boa... e traiçoeira...

Diga-me: - Será sempre assim, até quando meu olho fechar para não mais abrir? Eu irei sempre me desarmar diante de ti?! Irei sempre provar desse fruto e me inebriar em tua presença?! Será verdade... que isso possa durar... para sempre?...

Sinto dessa vez a tua vontade sufocando a minha... E me deixo, mas só parcialmente... Ainda seguro minhas rédeas - eu preciso, eu sei que não sou tão fraco - seria mais fácil representar que sim e deixar... Não devo... Mas o toque me seduz com tanto... E o que fala entre os fios dourados do teu cabelo... Não posso me deixar convencer: sei o que você está fazendo - Foge dele, entregando-se a mim! E isso tudo, logo, se desvanecerá também, não é?! Agh!...

... Interponho palavras entre nós, uma a uma, construindo uma muralha... Distraio tua atenção... E minha língua se afia em amenidades, traindo o desejo de embainhar-se em teus lábios, pela noite afora... Me corta, sutis pedaços - neve que evapora na manhã - abandonar teus afagos... Não aceitar esse jogo e tentar quebrar a banca... Talvez te magoe, um pouco, resisto...

Veja... Olhe isso comigo... Nessa luta... eu simplesmente... nunca... chego à vitória... nem perto.

A ironia fina disso... Uma vez que pretendi rebelar-me contra ser só essa casca... que tive a intenção de encorajá-lo a estar com aquele que lhe comoveu... Selo meu destino outra vez na solidão mesma e sirvo de encosto contra a nova vida que ele poderia ter...

Como uma serpente...

Rasgo-me para deixar para trás uma pele que não me serve mais...

Velha, morta e seca...

Só para me vestir outra vez assim...



Now playing: Linkin Park - Somewhere I Belong
via FoxyTunes

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Same and so... You must love but I should no...



Vejo míriades de peças... se encaixando. - um cenário que se desvela. O quebra-cabeças acaba... - As vezes, quero chutá-lo. Quero reembaralhar tudo, só as vezes. Mas... qual o significado do que vejo acontecer? Cifras, charadas... Abstrato que me hipnotiza, e não se anuncia. Com um aparência de calmaria. E em mim, deixa um gosto de tempestade no céu da boca...

Que lugar eu tenho nesse desenho? Que função? Eu sabia, há menos de dois anos atrás... No entanto... me afastei tanto... de tudo... Linhas tortas. Ligeiras. Instrumento - eu era. Sim... fui da Shinra... E estou sendo desta revolução, deste recomeço... Acreditei ser mais - penso se deveria... é correto e justo eu ser outra coisa?...

Cruzo ao lado de portas abertas - no escuro luzes de lares pendem... As invejo, como jóias na noite. Arma, eu sou - assim tento silenciar minha ânsia... Arma... para matar quem for preciso, para defender tantos quanto puder...

E... e quando chegar a hora?... aquela... maldita... hora definitiva?... O que faço?... ou farei?... Quem sigo?... Coração? Mente? Essa... programação... que me trai... e me salva?... Por que Fenris'úlfr?... é porque vou destruir este Mundo por ir contra sua vontade, contra o lógico e poupá-lo?... ou por permitir que morra em seu último sacrifício por este Mundo?... Como eu poderia?... Quem vai me segurar?... Quem vai estar lá quando eu perdê-lo ou perder-me?...

Volto. Instinto puro. Me recolho para meu território... Entro sem alarde - eles dormem. Coleciono pistas - cheiros - recordações para meus olhos ausentes, para ouvidos afastados de sua festa, desses sorrisos, e palavras... Por meu próprio desejo... Devo me abster de iludir a eles e a mim: sou o que sempre fui...

Subo e sinto a absoluta certeza de estar sozinho. As máscaras caem... Sou só esse pedaço de carne - um monstro planejado a se parecer com eles, com o crânio cheio demais de perguntas e idéias... Devia ser mais simples: sem raízes. Escrevo. Repasso minhas mudanças... Quase não aceito tudo que fiz, o quanto me distanciei da minha origem...

E hoje, o que fiz - percebo e dói: egoísta. Ele estava feliz com Troy... Ela estava feliz entre eles... com o Santo... Tantos paralelos... Sons harmônicos... Então é assim?... que deveria ser?... Então por que... essa arma... Estrelas ainda, em algum lugar?... Onde?...

Quero me esconder. Me guardem... numa bainha hermética... para acordar com o clamor da batalha. Não me deixem esquecer quem sou, não me dêem sonhos que são perigosos... Olhe só - hmpf! - não perco o fio, nunca... Outra vez, essas garras... Insistentes. Brotam. Flores de morte dos meus ossos. - Hey, podemos estraçalhá-los - elas confessam. E continuam crescendo... Sempre... Como se assegurassem: por mais que eu lute contra, sempre irei feri-los... ainda serei quem fui... Está em mim... Não há cura... ou opção... Não há, meu amado... por mais que você brilhe e me garanta... Para você, também não - eu aprendi isso...

Ficará tudo bem... Não me permitirei machucá-los... Cunhas vermelhas... Pétalas de sangue no chão. E depois, rosas surgindo nas gazes... Cor de morango... ... ... Morangos - lembra?... Minha boca saliva da tua... tenho sede das tuas palavras ingênuas e grandiosas... Troco-as por cigarros... Espere, me deixe, só um pouco... ... ... Deixe-me só calar, um instante... ser morto, como um dia seremos...

Viver é voltar ao passado... "Você é igual a ele" - ela me avejou... Agora entendo... Então é isso?... o motivo dele?... o sentimento dele? - como machuca, Drako, você jamais deveria ter feito isso a si mesmo... Mas eu... eu, há nem tanto tempo atrás assim queria que ele esquecesse essas razões... e estivesse conosco... de verdade... Eu, mesmo... lhe pedia, sem palavras... Então implorei, tsc... Estupidez: nem toda aquela patética cena pôde...

Tanto faz que doesse no fim... tanto faz... Eu quis tanto... ... ... E fiz o mesmo... te virei as costas, não, Amber?... Mas tu... tens esse Mundo para ti... tu fazes parte... tanto para ti... e tu miraste em mim... Tu fizeste a mesma escolha ingrata - está apostando naquele que não vai voltar... "Igual a ele"... Quem pode garantir que acertamos?... ou erramos?...

Baixo a cabeça e penso... penso... parece que vou rachá-la em dois... "Igual a ele"... Queria vê-lo entregando-se à felicidade antes de partir para o confronto... Não temos certeza de quando não os veremos mais...

Deveria ser uma arma... E ele não pode pensar assim dele mesmo...

Eu e ele... somos assim tão parecidos?... Ele me deu tantas lições... Quero dizer-lhe: - hey, se dê uma chance! Não há depois!...

Mas o que fiz?... Incoerente... Tudo tão... ... ... O que quero para ele deve ser o que faço do meu caminho?... Essa é a chave?... Você, Todo, você, será que falaria comigo?

Vou desligar...
Talvez, no escuro... escutando a oração que farei...
e nada mais...
essa arma que tenta ser um herói possa sonhar e encontrar a solução
para o herói que tenta ser só uma arma...



quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Choices over crosses thru my heart


Não tinha um nome...

- Mas o recebi de quem mais respeito...
Não tinha pais ou família...
- Meus amigos me emprestaram as suas...
Não tinha uma vida...
- Encontrei-a desafiando a morte por vocês...
Não tenho sonhos para o meu futuro...
- Luto pelo futuro e pelos sonhos de todos...
Não tenho uma casa que seja minha...
- Fiz do Mundo um pedaço de mim, e dos que amo, o meu lar...



Mais forte que tudo. Capaz de gritar meu nome e os seus tão alto que Midgard inteira ouvisse. Capaz de arriscar... Em mim algo, um Sol, quente e ofuscante - a felicidade, ela disse... Cego para toda a dor... E ainda assim, vendo... Sim, mesmo vendo... dúbio, irresponsável, interpondo arabescos de razões e sorrisos para me esquivar - ele, como uma flor sem água, murchando... Escolhas das quais me escondi - como pude achar que resolveria?...

O céu. Aberto demais. O Éden inteiro abrindo-se em vento, luz, batidas de meu coração e do d
ela. Linhas silvando na aceleração. Veloz. Impetuoso. Saudades - reais ou não?... Frívolo... Teus braços - cordas de seda, cheiro de lençóis e idéias de te ter ao meu lado... Chegue mais perto, me invada. Correndo, como um tolo ao precipício. Excitação, vontade de uivar, uivar... Egoísta. Soprando meu dente de leão, apertando minha rosa entre os nós destes dedos...

... quebrados... em pedaços... A dor deles... é insuficiente... tão menor... a fiz chorar... Até mesmo meu orgulho esmagado contra tuas costas,
meu amigo, não me despedaça tanto... Aquelas lágrimas... Pulso dissoante do teu ser, indomável, bravio.

Fio de espada, folha de lança, invisível, pronta. Me parte e me rasga - sou dois ou um? Não sei mais. Ela disse: amor... por ele... É verdade?... Ela disse: Te odeio... Sim, por favor...

Tremo, enroscado neste cobertor. O pano feio cheira a Miguel... Sinto falta, só um pouco, de seu abraço minúsculo... Posso fechar o olho... mas não dormir. Tuas palavras, teus gestos, ainda me trincando. Estilhaços de mim circulando no ar que respiro. Sujo! Sujo demais para descansar... O Santo olha do pedestal. Tremo - o pior inverno vem de dentro. Ou o mais cruel Inferno vive dentro. E eu... fui o demônio que te traiu. O demônio que te atraiu com mentiras e promessas vazias...

Continuo... Miserável! Meus lábios ainda chamam os teus... Teu perfume morre lento... Teus toques... cada vez mais leves, esmaescendo sobre minha pele. Frio. Silêncio...
Que me acorrentem longe de todos que eu teime querer... Que me selem a boca, castrem, apaguem de mim qualquer chama, maldita - ninguém sou para roubar amor de outros!

Não te pedi que ficasses.
Que posso ter que tu precises?... Tens razão - nada. Quanta injustiça te exigir dividir o nada que sou com o tudo que ele é... Fui tão estúpido. Vermelho nos olhos dela, quando se foi, e todas as cores, todas, fugindo com ela... Só o cinza... Só o negro... Sim, amigo: não abro mão do que quero... Mas, não a quero mais - não a quero machucar mais...

Não posso abandoná-
lo mais...

A ti, parceiro... Mendiguei que me juntasses... Atirei contra ti com tantas palavras... Roubei tua liberdade de se recusar a mim... Agora sei... Me perdoe... Tão... perdido... já não sei mais... não me reconheço... Devoro a quem me acarinha...

Me perdoa... Me perdoem...

Um fogo atroz me consome. Minha mente, insone - corvos, corvos... Penso em ti, ainda e ainda. Bandagens e cacos, arame farpado e teus olhos. Tua rebelião. Não te afaste tanto, por favor. Dor e sangue e tanto passado que corre... Não faça assim... Deixe que te salve... Deixe que te mantenha... cor e perfume, som e textura, como algo perfeito demais para ser perdida num Mundo que se vai...

Me deixa te dar de mim o que me resta ainda só meu...

... esta carne que veio do aço e do vidro... este sangue que derramou o de tantos... as batidas deste coração que feriu o teu...

[o poema no início deste post foi inspirado em outro poema, sobre samurais]

Blond heaven, bond raven - twirl of strawberry feel


Pensei que tu fecharias todas as portas... Pela minha boca e tantas palavras toscas...

Uma briga - tu o disseste - mas, você, tão perto. Você... não virou as costas...

Minha voz no teu silêncio. E nossos cheiros misturados no trabalho - nosso legado, nossa prece, a esperança que te traz. Nossas bobagens. Imitação de humanos. Sonhos.
Apesar de tua perda, estamos aqui... Não somos o pequenino - não temos como sê-lo. Mas restamos ao teu lado. Em cada um de nós, perceba, há um fragmento brilhante de tua jóia perdida. Forças. Um lar...

Teu Sol, tão escuro e tão claro - lutando. Eu sinto. Minha testa contra a tua - firme, amigo. Meu ombro esbarra no teu - vamos, parceiro. Meu olho tocando o teu - diga-me e eu o farei, você... você...

O Mundo está respirando lento demais. Hey, estamos aqui, não o deixaremos morrer!... Céu e nuvens, tantas pessoas - sem nome para mim, flores em algum lugar - o perfume na brisa com cheiro de ferrugem... Ah, meu grande companheiro - olhe o horizonte: o Sol desce, só para acordar de novo. Hey, este rosto marcado pelas mãos dele - um sorriso agora, que brilhe como rosas sobre a promessa que fiz para ele: te proteger. Sempre.

Quero abrir a tempestade para ti e achar nela as pétalas com todos teus nomes e os nomes daqueles que te amaram tanto, e destes todos a Vitória - hey, me ajuda - nenhuma guerra mais com vermelhos de sangue e fogo. Nenhum pequeno caixão. Mais nenhuma lágrima nas rachaduras dos olhos dos velhos. Nada mais de braços de mães vazios. Ou o vazio no peito dos pais. Do teu...

Hinos ao nosso redor... Assim sonho. Uma rua interminável de mãos dadas. E o céu, tão brilhante quanto teus olhos, meu guia... Tão dourado quanto teu precioso coração... E uma paz ainda maior que esta que tu me oferece e que perpassa: tudo...

Tudo é possível, assim pulsa meu ser a cada segundo, nesses dias.

Dias com gosto de morangos.

E uma imensidão que diz: Salve-nos.

Toco o Céu com meus dedos a cada inspiração... Nós o faremos.