sábado, 13 de dezembro de 2008

Standing'n black... paint it back...

Esse casco de metal me leva de lá... E a eles também... Desafiamos as tempestades do Céu, a própria gravidade... Asgard... permanece cravada naquele solo congelado, como uma adaga de ouro...

Recuperamos ele... Eu o olho agora, com insistência. Todo o instante me agito... ainda penso que posso acordar... e me ver sentado em outra soleira de porta... sozinho... buscando, buscando...

Apesar dele estar logo ali, todos estamos em silêncio... Ácido, cheiro de lágrimas contidas, um sal interno qualquer, sangue de bocas mordidas... Vestígios de uma nova procissão de luto... Uriel... reencontraremos ele, perdido para sempre... sim... ou talvez não... Levamos teu pai para ver-te, desta vez...

Ele... Uma muralha inacessível... Duro, firme, ausente... Pedra... Granito... Não devo tocá-lo, eu sinto... Ou falar com ele, tampouco... Eu quero... Mas é ele que me avisa, calado... Ele permanece de pé simplesmente por estar assim - impenetrável... Se alguém atingi-lo agora... Respeito a sua dor. E velo contigo tudo que enterramos... eu o acompanho... nesse funeral de lembranças...

Rosas que florescem no inverno... Gosto de ferro entre os dentes... A paisagem move-se e desvela-se como um longo, interminável, cadáver. Aqui de cima, analisamos, cada um a sós, suas feridas abertas, uma a uma... E então outro tempo, o olho - e sinto que posso. Mais forte que tudo, o impulso - a fé de que lutando alcançaremos um futuro. Sim... ele está logo a minha frente...

Escuro, lá fora, e eu me recolho sem luzes, costas nesse macio... Esta noite, somente a presença dele não me traz paz... por que?... Algo... algo cava me peito, sem trégua... Uma falta, escondida de mim... Tons de negro, pardo, cinza - brasas soprando vermelhas do fundo do Mundo... A espuma dos vagalhões... trovejando... chumbo e um branco que só é branco em minha mente... E nada disso me sossega... Minha missão não me distrai... A tristeza de minha família não me ocupa...

Há um peso só meu nesta longa madrugada... Invisível... Irreconhecível... Eu... poderia fechar os olhos... e... sonhar que o encontro?... esse algo... que perdi? ... O que?...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Arrising bird flies... falling star dies... dry wind byes...

[editado]

Azul...


Tão azul... Tão estupidamente azul... E você...

Você... lá dentro... Como um fóssil de uma libélula, preso em ambar... Você... Truncado no tempo. Atado no espaço... Justo você... Senhor dos ventos... Filho do Sol... Você, parceiro, que passa pela vida de todos como um furacão de bençãos...

Eu te encontrei... Mas... não como eu esperava... Você... Derrotado também... Sim... Ele havia me precavido... e... eu penso agora que sabia que ele estava certo... Você não teria desaparecido... Se não tivessem...


Quis cair sobre aquele cristal com um grito tão extremo quanto todo o sentimento que rasgou-me por dentro. Do meu coração, um enxame ardido. Por que todo este sentimento devastador não pôde vibrar contra ele?... Que o arrebatasse em cacos, com a mesma inclemência com que me botou de joelhos diante de ti...

Que eu pudesse te libertar... E mais: tudo voltasse a...

Mas... Eu, nós, vencemos, afinal, não foi? Esta batalha...


Pude chamá-los enfim... Os chamei por ti... E teu nome... entre nós... como uma oração profunda...

Foi aquela que tomou de ti as formas... Aquela que me confunde... E me hipnotiza... Meu perigo... Ela trilhou comigo o branco e o negro quase sem fim... Neste meu peito a fé... A fé forte, inabalável - a certeza... Cada batida... Dividida entre você... eles... e... ela... Meu Sol... ... ... eu te achei...

Que eu fôsse a espada sem bainha a cortar tuas amarras até o fim... Que eu fôsse o louco que insiste em ver um caminho...

Como eu pude ter estado tão perto... e não ter te resgatado antes?... Corel, mais adiante... Entre os reecontros naquela grande ferida da terra, a falta tua... Cada um de nós, sem poder mais suportar saber do teu exílio... Uma sensação plena de urgência, de atraso... te ver livre - rápido!

Luzes inventadas pelo homem, descendo sobre ti... A terra em minha carne viva... Não pude descansar... Testemunhando tão de perto, cada segundo, a tua cova em vida... Meu filho, tão crescido deitado contra este peito oco, exaurido...


Precisava - preciso - que o céu dos teus olhos voasse sobre mim. Eu fecharia o meu em gratidão... Quero a tua sombra firme encobrindo este resto cansado que sou eu, só um instante, e se tua voz chamar meu nome como antes... Eu me ergueria mil vezes...

O pequeno vai ao teu encontro. Mente encontra mente... Ou mais, meu amigo?... Foi assim que o cristal, tão indestrutível, algema que te cercava a tanto, não mais te prende ao sólo. Á solidão... O Sol tocou em ti e tu... Tu... um pássaro... meu olho não pôde te seguir...

Recosto outra vez a testa contra a tua... Tu... Salvo... salvo... De novo, você estará entre eles... Eu peço baixinho... o nome do teu filho... É tanto... sim... você vive... É demais...

Então te levamos ao encontro do teu povo. Cada olhar, a centelha da certeza, a gratidão... Verde como broto que renasce após a chuva... Meu coração, explodindo aqui dentro, uma alegria cujo único fim é esta culpa que me engole... Ela não é nada, perto de ter te recuperado. Por você... por eles... ... ... por mim...

Outra vigília se segue... A mantenho reconfortado pela visão do teu corpo adormecido sob o dourado que te ilumina... E quando tu te acoras, eu vou até ti... Ombro a ombro... lado a lado... Um pouco de paz, mas no fundo, sei que é só o recomeço de nossas lutas... Há tanto, lá fora...
Negro fumo de todo um Mundo que queima na tua falta... O dourado... e um pouco de azul... Vermelho... riscado em mim, neles... em ti... Cores que desbotam...

Pego tuas palavras jogadas ao léu, magras... como um vento árido... Que se passa contigo?... Assim tão junto... não me reconhece mais... E tu... tu te vais... Vento... Rouba o ar dos meus pulmões... o fôlego da minha fala... "Fique"... "Deixe-me segurá-lo contra mim e vaze sua dor, vaze seu ódio..." Eu não disse... Como vento seco... você... meu parceiro... me desfez na tua passagem... Em milhões de folhas amareladas de mim mesmo... você me despedaçou... e soprou todas as páginas de memórias para longe... nossa história, enosada... rolando para longe de mim...

Eu cedo... Não insisto...
Você... como um vento seco, me quebra sob tuas pegadas... tu não te viras mais... Este é o preço pelo que te fiz?... Traidor. Eu sei... Covarde... eu sei... Te achei e te perdi tão rápido...

E todos aqueles dias desesperados convulsionam em mim para fora, um torvelinho... Eu tremo, por dentro. Desabo. Talvez tu não possas me perdoar jamais... Eu não pensei nisso. Quero correr e me livrar de mim mesmo... Não posso. Escondo-me e espero o chamado da luta, porque... mesmo que não me tenhas mais como companheiro... serei sempre o teu...

Outro vai ao teu lado... meu peito morre um pouco... sorri um pouco... O jeito dele... sim... eu o desejo para ti... Será capaz de acender um sorriso em teu rosto tão cinza?... Eu creio... tenho que crer... E o seco em mim, abençoado, não derrama de mim mais nada...

Estrelas que se apagam em algum escuro aqui dentro... Estranho... Com tanto que acabo de reaver... esta dor... E que dizer desta sereia que dirige seu canto a mim, me enganando, esse rosto que é o teu?... Estes olhos que me atormentam de lembranças... o tom dos teus cabelos... e a tua boca... Ela... que me seduz do meu inferno a outra luz...

Ela... que insiste em ficar... quando ele se foi... E me promete... cuidar de mim...

Há muito o que fazer... e eu... nunca soube como...

Cuidar... de mim... Eu... que acabo de descobrir que matarei o filho dela...

Não...

Sinto como se... estivesse fadado... a trair...

Olho para ela, quando ela me solta...

"Me segure mais"

Mas... deveria dizer...

Por favor... somente...


Vá embora...