Um dia suspeitei de ti. Não... sei que ainda suspeito. Por baixo de toda a minha procura pelas tuas palavras está uma velada, mas inconfundível sensação de perigo. Uma ossada branca no fundo do lodo. Um alerta: - tu irás me trair, em algum momento...
Eu estive só. E estou estranho. (Certa vez descobri que fantasmas são espíritos presos entre dois mundos que não lhes pertencem - o dos vivos e o das almas, ambos proibidos a eles...) - Me sinto assim... Nem CANNIBAL, nem gente como eles, com os quais durmo no chão da Igreja à seis meses...
Tenho algo que se remexe dentro de mim. Como um parasita enorme, enrola-se em meu peito. Distrai-me. Desregula meus humores. Me sufoca às raias da loucura quando tento dormir pela manhã...
Como explicar o que me aflige? Como te demonstrar o que me tortura a ponto de abrir a guarda para, abaixo de ti, - eu! justo eu! - suplicar não sei quê que me pudesse curar?! Qualquer invenção que me socorresse, que me fizesse sentir-me novamente eu. Que pelo menos me desse paz. Dirias: - "Sim, também foi assim comigo, mas agora..." ... Tu não o disseste.
Ao invés, deu-me um esbarrão e lançou-me em outro caminho. "Torne-se o que escolher ser." Certo, faço isso seguindo tua instrução. Tua, tu, o único que, sendo diferente, no entanto, tem algo de igual a mim. Mesmo assim decepciono-me, decepciono-te. Falta-me o crucial: saber o que quero.
Tu oscilas como um pêndulo num relógio louco. Hora um, hora outro. Sem ritmo a medir, nem aviso - e jamais saberei se fui eu ou outro fator, a causa desses contrastes... A calda de licor sobre a torta de morangos: o que tu rias e eu sentia em silêncio, não eram o mesmo? E tal não era a misteriosa felicidade?! ... Não?... Tudo se desorganizara, soprou-se para o passado aquela vista de dentes perolados. Sobrou o olhar frio e mortiço de quem vaga sobre a própria cova aberta.
Tenho vontades... Saber se aquela calda te dava prazer como a mim e pedir mais. E aquele som mágico de tua boca, e aquele balançar de ombros e a vermelhidão, tudo, que tudo se repetisse e tu me respondesse, dessa vez: - "Acertou!"
{ ... in a world of carbon fields, acid rain and rusted iron limbs, our kisses are just holographic designs floating over the cold network... there are no more prays to be listen... shallow oiled minds... his blood... so so green... as a revenge of nature growing inside his toxicated bones... as a sick thin hope to our lost souls... }
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