segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Strawberries beyond red sensations

Um dia suspeitei de ti. Não... sei que ainda suspeito. Por baixo de toda a minha procura pelas tuas palavras está uma velada, mas inconfundível sensação de perigo. Uma ossada branca no fundo do lodo. Um alerta: - tu irás me trair, em algum momento...

Eu estive só. E estou estranho. (Certa vez descobri que fantasmas são espíritos presos entre dois mundos que não lhes pertencem - o dos vivos e o das almas, ambos proibidos a eles...) - Me sinto assim... Nem CANNIBAL, nem gente como eles, com os quais durmo no chão da Igreja à seis meses...

Tenho algo que se remexe dentro de mim. Como um parasita enorme, enrola-se em meu peito. Distrai-me. Desregula meus humores. Me sufoca às raias da loucura quando tento dormir pela manhã...

Como explicar o que me aflige? Como te demonstrar o que me tortura a ponto de abrir a guarda para, abaixo de ti, - eu! justo eu! - suplicar não sei quê que me pudesse curar?! Qualquer invenção que me socorresse, que me fizesse sentir-me novamente eu. Que pelo menos me desse paz. Dirias: - "Sim, também foi assim comigo, mas agora..." ... Tu não o disseste.

Ao invés, deu-me um esbarrão e lançou-me em outro caminho. "Torne-se o que escolher ser." Certo, faço isso seguindo tua instrução. Tua, tu, o único que, sendo diferente, no entanto, tem algo de igual a mim. Mesmo assim decepciono-me, decepciono-te. Falta-me o crucial: saber o que quero.

Tu oscilas como um pêndulo num relógio louco. Hora um, hora outro. Sem ritmo a medir, nem aviso - e jamais saberei se fui eu ou outro fator, a causa desses contrastes... A calda de licor sobre a torta de morangos: o que tu rias e eu sentia em silêncio, não eram o mesmo? E tal não era a misteriosa felicidade?! ... Não?... Tudo se desorganizara, soprou-se para o passado aquela vista de dentes perolados. Sobrou o olhar frio e mortiço de quem vaga sobre a própria cova aberta.

Tenho vontades... Saber se aquela calda te dava prazer como a mim e pedir mais. E aquele som mágico de tua boca, e aquele balançar de ombros e a vermelhidão, tudo, que tudo se repetisse e tu me respondesse, dessa vez: - "Acertou!"

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