Eu caminho sobre uma estrada de ossos num mundo branco e preto...
Conto números infinitos em bilhões. Meu peito ressoa em batidas fortes, eufóricas...
Sou o melhor de todos eles, inquestionavelmente. Quero ler meu placar e confirmar isso, mas, em meu pulso, a tela verde cintilante em decibéis e bytes revela: "SAUDAÇÕES PARA O MELHOR QUE SE PODE COMPRAR DA CIÊNCIA! PAPAI GASTOU BEM O DINHEIRO DA SHINRA!"
Há algo errado. Passo a passo, a dúvida cresce. Angústia. Falo e o áudio chia. Ninguém responde da sala de comando. ROGER - C TEAM - WAY HOUR INTO TIGER EMPTY - STRIKE NOTE - CLEAR - DABLIO MOVE - ARE U COPYING ME? - ROGER. Modulações de estática. Craquelares sob meus pés. Silêncio do lado de lá.
O gosto de meus oponentes pesa cada vez mais sobre minha língua. Tento de novo. E de novo. Outra vez. Minha voz esganiça-se ao passar das horas até um crocitar impossível de distingüir em palavras. Abandonado em missão. Volto. Xingando, mas voltarei a pé mesmo que gaste semanas.
Caminho. Ando. Movo-me. Percorro. Ossos. Crânios. Fêmures. Vértebras. Igual. Sinto a distância escoar entre meus passos - mas o caminho até em casa... não encurta. Há algo infinitamente errado em tudo. Em mim. No Mundo. Desde quando, uma casa?...
Horizontes caiados. Céu puro. Chuva suja. Um ar saturado de fins. Perdido. Sem retorno. Corro. Arfo. Acelero. Asfixio. Algo em meu peito. Dói. Feições. Vozes. Uma dor. Funda. Oca. Traiçoeira. Quero... você. Vocês. Chegar. Onde. Pertenço. Onde. Sou necessário. Sou. Urgente.
Apresso-me. Sons. Tato. Milhões. Mortos. Quebro. Quebro. Quebro. Emperro. A bota. Presa. Puxo. Arqueio. Atiro. Solta, porra!!! Pressinto. Algo errado. O rabo do olho. Olho. Não olho. Ela. Canela. Desafiadora. Orgulhosa. Faminta. Olho. É ela. Não. O cheiro. Abaixo. Vou tocar. Retrocedo. Ergo-me. Afasto. Por que? Flores de aço.
Tento voltar. Objetivo. Era ela. Seja objetivo. Chegar lá. Confuso. Lembranças. Estranhas. Perdi o olho. Perdi crianças. Tirei do lixo. Quando? Tropeço. Arfo. Meus dedos. Eu sei. Não quero. Vejo. Miguel... Moscas bebendo nele. Olhos. Como xícaras de vermes. Bato nelas. Seguro nele. Incorreto. Estupidez. Nada a fazer. Alvo silenciado. Alvo... amigo...
Como??? Tenho que chegar. Lá. Lá... onde? Corro. Tento lembrar. Meu peito dói. Uma coisa negra. Aqui. Na minha cabeça. Náuseas. Shinra. Srta. Lúnia. Escadaria. Tubos. Febre. Algo à frente. Quebro. Quebro. Enxarcado. Perto. Mais perto. Uma estaca. Mais. Mais. Não. Uma... cruz. Cruz. Negra. Alta. Ergo o olho. Sinto seu peso em mim. A gravidade dela cai em mim. Força meu corpo. Botas tremem. Joelhos vergam. O sangue dele pinga. Olho no olho. O Santo. Muito forte. Tão mais forte. Lá. Se soltá-lo? Frio, azul. Uma lembrança. Ele... consertaria?
Tudo gira. Gira. Me perco. Resvalo. Grogue. Chove demais. O Oceano sobre nós. Sobre... eu. Um lugar. Urgente. Onde, eu...? Não. Não é na Shinra. Onde? Prá onde? A água sobe. Torvelinhos. Turbilhões. Engasgo. Nado. Afogo. Cabelos dourados. Morangos. Gosto na boca. Tubos. Colegas. Corpos brancos. Milhões de outros eus. Não! Espera! Nado. Proteínas em degeneração. Tripas. Turbilhões. Descartável. Somos. Coisas sem alma. Braçadas. Estertores. Convulsões. Um grito rouco. Preciso... chegar... Sou... necessário!
Tudo escorre ralo abaixo. Sobra eu. Folhas de um livro velho. Grudadas em minha pele. Mofo. Letras bonitas. Arfando. Vomitando. Tossindo. Zonzo. Uma voz mecânica. "Você é o único de pé." Não! Não, eu? O que?! O vidro abre. Lembro. Ali. O guri. Meus gens. A fuga. Corro. Corredores. Escadas. Degraus. Barulho alto. Vibração. Geradores. Som. Arquejo. Meus... ouvidos... Avanço. Sala de reatores. Luzes enegrecidas. Piscando. Colapso. Mal respiro. Percebo. "Era aqui! Aqui... que eu... deveria estar..."
O mako reveste tudo com seu fulgor. Lá. Lavado de azul, te reconheço. Firme nas tuas pernas. Costas eretas. Agonia. Veio aqui sem mim? Falhei contigo? Ando para ti. Chegar. - Falhei, não foi?!! - Tão mortos! - Por que me preocupo? - Tão todos mortos!!! - Por que dói em mim??? Preciso, chegar. Olhe prá mim. - Fale algo! Resvalo em gelo, sangue. Caio. Marcado de escarlate, levanto. Um monstro negro em minha garganta.
Estendo os dedos para ti. Estendo a luva. O braço todo. O corpo, um pseudópode, para ti. Preciso alcançá-lo! Tocá-lo. Só não posso falar. Vou me trair, se falar. A voz, vai tremer. Ondas de pensamento naufragam "Tá tudo errado! Isso não está nos nossos planos! Entende? Há coisas que um homem deve fazer! Eles confiam na gente!" Chego em teu ombro. Cada falange congela e cola nele.
Congelam...
Aos poucos, deixo-me entender o que isso significa...
O Mundo pára...
Eu travo meu ar, atônito...
Agonizo atrás de ti. "O único de pé."
Sinto o olho arder, o peito arder. "Isso é chorar."
Falhei.
Não caí.
Mas...
Falhei!
Escuto o bip.
Meu coração dispara, torcido.
Letras emergem em rajadas cítiricas:
UM CÃO JAMAIS ESQUECE SEU DONO.
VOCÊ NUNCA NOS DECEPCIONA.
A SHINRA LHE PARABENIZA.
{ ... in a world of carbon fields, acid rain and rusted iron limbs, our kisses are just holographic designs floating over the cold network... there are no more prays to be listen... shallow oiled minds... his blood... so so green... as a revenge of nature growing inside his toxicated bones... as a sick thin hope to our lost souls... }
terça-feira, 4 de março de 2008
Top Distopia over Scapular Scatters
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