terça-feira, 1 de abril de 2008

Words to light my darkness, a World to fight my blindness

Estranho... Acordar preso naquele terror. Olhos ainda velados pelo pano do pesadelo. E o que sinto antes de ver que não estou mais lá?...

Tua mão.

Tua voz.

Você, mergulhando em meus sentidos rendidos. Você, me resgatando. Tua presença indicando que voltei ao lar. Minha exaltação cedendo a tua calmaria, a tua lealdade.

Eu não agarrei teu pulso - como teria feito com qualquer outro. Meus músculos não se tensionaram para o bote. Não fechei a guarda. Comcluo, meu caro, que meu corpo - ainda mais que minha mente - foi logrado a confiar em ti... cegamente.

Chocado, recebi novo impacto pela tua boca. Uma confissão - um irmão. Um irmão que volta dos mortos. E que nos salva. Que nos aguarda - assim segue tua fábula - no próximo ponto. Teus olhos, tua voz, teu coração e teu cheiro me dizem: " - Esperei tanto! estou feliz! estou ansioso!" Eu te cuido e me encho de dúvidas - mas não falo. Seria simples te dizer: " - Hey, tenha cautela!". Te precaver. Por que não o faço?... Me sensibilizo com o que sinto que me pedes: " - Não me frustre agora, estou feliz!" Eu calo. Eu vigiarei por ti...

Porém, talvez isso não seja o suficiente. Você me deixa. Deveria ter dito algo em ressonância a tua esperança?

O que sonhei - e não lembro se foi tudo aquilo ou se esqueci de algo - volta em pedaços dilacerados. Examino tudo. Depois, respiro através do que você me causou. O consolo. As palavras sobre Kuroi. Reflito. Escrevo isso. Mas, largo tudo quando percebo que olho a porta a cada nova frase. Você harpoou meu peito, e cada passo que dá para longe, esgarça mais e mais a corda que nos une e me fere de forma mais dolorosa.

Olhei-me. Parecia o mesmo - mas era só engano. Peguei-me em teu rastro. Afinal, haviam muitos a proteger. Havia você lá fora - e eu deveria estar a sua disposição. Sim, era isso. Não vou falhar contigo. E não falharemos com eles.

É o que importa - é simples e objetivo. Traz-me certa segurança e estabilidade - a explicação me cai bem. Escapo. Roço na multidão sobre-excitada. Capto-os um por um. Um fragmento de paquera de Uriel sobre Juanita. A marra de Weasel, Ferret e Wolffy disputando recordes. O cheiro masculinizado de Phill que se suja de graxa. Uma briga entre Ramza e Aleph. A respiração pausada e suave do Santo - deve estar cochilando nos degraus. A dupla batida do teu coração...

... inigualável... impossível de ser confundida... ou ignorada... Cruzei os olhos por ti. Egoísta e estúpido, roubei tua atenção para mim. Sem premeditar. Sem me perdoar por isso. Não consegui - no entanto - rejeitar tua companhia, nem teu convite, nem a tua sugestão para que eu me expusesse, ou a brincadeira. Não contive meu riso. E mesmo sem ter confirmação alguma, insisto por teimosia, apostaria, que isso que senti - outra vez - é "felicidade".

Sei que não há como provar. Sei que não há um cânone com sintomas que diagnostiquem: "isso é inquestionavelmente felicidade, meu chapa!" Sentimos todos a mesma coisa sob aqueles nomes: tristeza, ódio, tranqüilidade, libido? Quem garante que não falemos de coisas distintas sentido o mesmo, ou que nos enganemos por usar um mesmo nome com uma enorme diferença de sentimentos?...

O primeiro estouro me pega de surpresa e é inevitável: um formigamento desce pela minha coluna e retine num fino zumbido contra meus tímpanos. Imagens explodem. Eu vivo de novo aquelas primeiras semanas de treinamento em campo. Estou ali sendo humilhado pelos CANNIBALS mais experientes. Testado. Mutilado. Levado ao limite. Um alarme em mim dispara: Vá vá vá! Um impulso quase indomável de correr, invadir campo inimigo, conquistar, silenciar alvos, vencer. A pólvora me lembra eles. O estrondo que me põe surdo me lembra eles. Aquele flash me lembra eles.

E, como se tudo voltasse ao começo, como a Serpente Uroborus, é você que me conduz de volta. Eu vejo as pessoas sorrirem, vejo aquilo despertar algo nelas. Elas aplaudem, apontam, sussurram, exclamam. Me sinto como uma mola pressionada e tenho medo de - ZAPT - soltar-me de meu controle e dar-lhes outro tipo de show. Tenho vergonha e medo de fazê-lo em frente a você.

Mas você não me deixa. Você fala de coisas que me apatetam. Coisas que enfeitiçam minha mente, me entretem.
Você vê tudo naquelas luzes. Lá está tudo que quer cuidar. De repente, noto que estamos a sós e você continuando pregando. Pregando... E tua comoção está me comovendo. Estou entrando na tua euforia. Em teu ritmo. Tua silhueta de pé contra o negro. Teu rosto tão irreconhecível, como messias. Como o Crucificado. Arrebata-me. E assim hipnotizado, não desvio o olhar da explosão que te recobre. O colorido infernal dos fogos te emoldura numa refulgência às tuas poesias. Imprime tua fotografia em auto-contraste esmagando minha única retina e apaga tudo o mais. O Mundo cessa de existir. Mas a tua presença o traz para dentro de mim como nunca senti.

Nada vejo e nada escuto, além de você repetindo-se.

Você.

Só.

Você.

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Now playing: Fightstar - The Grand Unification Part 1
via FoxyTunes

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