Como uma dessas peças coloridas de madeira que vejo as crianças brincarem: - círculo amarelo no buraco do círculo, quadrado vermelho naquele do quadrado, triângulo... - eu não me encaixo.
Entre elas o que sou me exclui.
Ao lado do Santo... Ah, então tudo é irreal, sinto-me nadando em drogas, mergulhado num delírio. Como encaixar em algo que parece ilusão? Como carregar um clip numa arma de holograma.
Há um instante - um único instante - em que me percebo funcional. Quando tudo segue certo e rápido. Onde sou com o tempo: rastro perfurante de momentos plenos. Sucessões. Pulsação. Alvos a serem eliminados! Eles me gritam quem eu sou. Caem. E quando silenciam, murmuram quem eu sou...
O povo daqui me bolina com elogios. Me rotulam como "seu protetor". Não sei o que isso significa. Em missões de guarda-costas, ainda assim, sou aquele que matará antes. Para mim, essa é a chave: calar a vida do outro, antes. Eles me bajulam. Sei que não me pagarão. Outros vão e tudo fica bem. Sou o "herói". Eles, os cegos.
Eles me agradecem, por suas vidas... Eu só cumpro minha missão. Porque eu... sou eu. Nada mais. Nenhum outro. Preciso mostrar a mim mesmo, toda a noite, quem sou: eu eu eu! Ainda... eu.
E quando descarrego o bolso e minha palma se abre pesada de gils sob os olhos frios do Reverendo, sinto algo estranho e perigoso, não fôsse isso, patético. A respiração dele me embala. Sua resistência e depois seu sorriso tudo é honesto. E ele me olha diferente, parece que me faz encaixar...
Com mal-estar reconheço naquele silêncio em que dialogamos: esta é minha função aqui. Estou no lugar para o qual fui esperado. Ele me acolhe entre eles. E me abençoa...
Sou seu inimigo, por estas mãos, por minhas idéias, pelos tantos que enterrei, pela Corporação, por cada proteína dos meus genes, mas ele acredita que os salvo.
Como uma dessas peças coloridas de madeira... círculo amarelo no quadrado... hiberno meus dias agarrado a arestas imperfeitas... quase caindo... sem entrar... eles juram que é onde devo estar...
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Now playing: Red Hot Chilli Peppers - Knock Me Down
via FoxyTunes
{ ... in a world of carbon fields, acid rain and rusted iron limbs, our kisses are just holographic designs floating over the cold network... there are no more prays to be listen... shallow oiled minds... his blood... so so green... as a revenge of nature growing inside his toxicated bones... as a sick thin hope to our lost souls... }
sábado, 9 de fevereiro de 2008
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