sábado, 2 de fevereiro de 2008

Snow-white skin zero-celsius paramecius

Confesso... (termo estranho, coisa daquele Padreco!) Confesso que me dá terror sentir tuas mãos pequenas e brancas tocarem minha carne. Quando durmo, acordo alarmado e percebo que é só você se recostando em mim...

Quem pensa que é, para tal licença?! Quem pensa que EU sou?!!

Já aprendi que teu toque não significa meu prazer... Humilhante... - Tive ganas de esguelar-te, prensando esse teu pescoço magro, fraco!, entre minhas garras até que não sobrasse uma molécula sequer de oxigênio nesse teu corpo débil!!!

Não consegui. Por que? Foi o primeiro que não eliminei. Me pergunto todos os dias: - por que??? Seria porque tu és tão submisso? Porque não te excedes contra mim, nem revida?... Não... Talvez porque sejamos próximos no núcleo de cada célula. Talvez porque você seja VOCÊ - o Marco Zero. E talvez eu deseje aprender o que você sabe.

Pode ser um engano. Posso acabar descobrindo que você é uma fraude. Nada tem a me ensinar que valha o ar que você respira... Se o que eu pressuponho for um delírio, então...

Os dias correm e você não solta sequer uma frase inteira. Parece me sondar e conhecer meu desejo. As crianças brincam, comem, brigam, dormem ao nosso redor. Você, porém, continua preso a mim, mesmo que eu não o tenha algemado... E seus olhos sobre meu rosto não são os de um condenado, e sim de quem me sentencia...

Nossos diálogos são só nossos. Gestos, olhares, cheiros da pele. Absurdo quantas vezes teus argumentos já me interromperam. Quantas vezes abaixei a voz, recuei numa decisão, engoli a ira, ou acompanhei você. Quantas vezes aceitei sentar-me nesse mármore frio para que você deitasse em meu colo?

... e olhando seu sono sereno, quantas vezes me questionei quem eu seria se não tivesse sido quem fui?...

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Now playing: Fort Minor - Petrified
via FoxyTunes

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