sábado, 23 de fevereiro de 2008

Vanilla desire into my cinammon butterfly

Hmmm... tua penugem escura entre meus dedos... tão rala e suave no meu gesto afoito... O cheiro de fêmea adocicando meu alojamento, entremeado com o meu. Teus olhos oblíquos arregalados prá mim. A boca pequena entreaberta num grande susto. Tu não estavas preparada para me encontrar, não é?

Depois daquela primeira vez, anos se arrastaram sobre nós dois. Quando eu voltava, recebia tuas boas-vindas mudas. Um prato de comida na pequena mesa. Uma massagem lenta enquanto você me desnudava sem pressa. O banho de esponja pelas tuas mãos macias. Tua cara altiva ao me servir. Teus olhos marejados quando te fazia minha de novo, como uma boneca. A pele sedosa do teu corpo miúdo enrolado no meu quando eu me acordava de madrugada suado e insone...

Geralmente não era assim, eu sei, lembro bem. Eu te assediava por pura vileza. Te humilhava, sacaneava tuas boas intenções. Gritava contigo as vezes, só para ver tuas lágrimas, tua decepção. E quando fazia sobre você, fazia doer. Flores vermelhas por tua pele bronzeada. Tuas coxas, roxas. Te rasgava prá dentro com fúria. Quando os gritos deles não saciavam minha sede, era tu que pagaria de vítima. Até que tirasse de tua língua quieta os xingamentos, o ódio, ou as súplicas que faltassem prá encher meu ego cruel.

Mas, as vezes, raras vezes, tínhamos algo diferente disso tudo... Você vinha a mim, manhosa. Me fazia mimar teus cabelos de seda negra. Coisas murmuradas na tua voz cantada, como se tu fôsses menina inocente. Deixava que tu arrancasse minha segunda pele prá que teu rosto faminto sumisse em minha virilha. Tu exigias de mim a primeira salva, mais urgente. Então tu te davas aos meus apetites, pedindo mais. Os peitos pequenos em fruto. O ventre liso e ondulante. Te possuía devagar e tu me devoravas fundo, me puxavas, me socava entre tuas carnes molhadas. Ah!...

Meu objeto desprezível. Imunda de mim. Propriedade desgastada.
Te usei tanto... tanto que me dava tédio encarar-te me esperando ao destravar a porta... Eu pedia por outras...

Jamais pensei que fôsse implorar por ti no sono agitado... Acreditaria se hoje te encontrasse e sussurrasse: 'me faz falta, você...' ? Tu. Não sei teu nome. E tu... só conheces essa sigla tatuada em mim. Crescemos todos esses anos, juntos... continuamos perfeitos desconhecidos...

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